12/10/2010

Capítulo XXII

No domingo, o Senhor Es ia buscar Peter O e Xavier ao colégio. Tinham combinado de manhã cedo, Peter O estava pronto, desde as 6h da manhã.

"Peter ainda é muito cedo", reclamava Xavier, "dorme".

Peter O não tinha sono.
Peter O não tinha sono, há três dias.
Peter O não tinha dormido toda a noite, mas tinha fingido dormir, por causa de Xavier.

Finalmente chegou o Senhor Es, às 9h30m, como tinham combinado.

Xavier boceja com sono, Peter O acena vigorosamente, de olhos esbugalhados, "bom dia".

A casa dos Es era longe. Peter O fez todo o tipo de perguntas ao Senhor Es, "onde é que vivem? é perto da praia? têm um cão? como é que se chamava? quantos anos tem a Ana? quanto tempo falta para chegarmos? onde é que a Ana anda na escola? qual é a sua profissão? a Senhora Es trabalha? costumam ir à praia?..."

Chegaram a casa já perto da hora de almoço, "meninos ajudem a Ana a pôr a mesa", gritou a Senhora Es, mal ouviu o barulho do bater da porta.

Peter O viu Ana Es.
Ana Es sorriu para Peter O.
A barriga de Peter O roncou como nunca havia roncado antes.
 "Não avaries agora rapaz, já estamos quase a ir para a mesa", disse o Senhor Es, batendo-lhe, com a mão no ombro.
Peter O queria fugir, "tenho de ir ao quarto de banho, onde é?"
"Ali ao fundo, Ana mostra ao Peter onde é o quarto de banho".
"Não é preciso, já sei", Peter O fugiu sem saber para onde ir.

"Peter, então, estamos todos na mesa à tua espera, estás-te a sentir mal?", perguntava Xavier, enquanto tentava abrir a porta do quarto de banho, onde Peter O se havia fechado. "Se calhar não vou almoçar, estou-me a sentir mal", respondeu Peter O.

"Peter estás bem?", perguntou preocupada, a Senhora Es no fim do almoço.

"Não se preocupe, eu já saio". Passadas algumas horas a ouvir esta resposta, todos os Es estavam reunidos à porta do quarto de banho.

O Senhor Es e a Senhora Es discutiam, em tom baixo, o que haviam de fazer, "Ó homem, se calhar é melhor chamar o médico, o moço ainda não saiu dali, deve-lhe estar a dar alguma coisa..."

Chegou o Dr. Mo. "Peter está aqui o Dr. Mo, sai daí, veio para te ver".
Peter O não respondia.
Ana Es começou a chorar.
"O que foi?, Não chores Ana" disse Peter O ao abrir a porta.

Ana Es abraçou-se a Peter O. "Sai Ana, deixa o Dr. Mo ver o rapaz, antes que me desfaleça aqui em casa", ordenou a Senhora Es.

Eram 18h30m, o Dr. Mo viu que Peter não tinha nada, excepto cansaço e fome. Ana Es obrigou Peter a comer dois pratos de massa guizada com carne, "para lhe dar forças", como dizia a sua mãe.

Às 19h30m, o Senhor Es foi levar Peter O e Xavier ao colégio.

Peter O dormiu toda a viagem!

30/09/2010

Capítulo XXI

No final do concerto, Xavier quis apresentar os seus tios a Peter O.

O Senhor Es disse a Peter O que ele tinha tocado muito bem, "eu e a Aninha fartamo-nos de chorar", disse a Senhora Es, com a sua voz esganiçada.

Foi nesse dia que Peter O conheceu Ana Es. "Mas porquê choraram?" perguntou Peter O, achando que elas tinham odiado. É que quando viu Ana Es, Peter sentiu um uma sensação que não se lembrava de ter sentido antes. Peter O estava inseguro.

"Choramos, porque gostamos muito e ficamos comovidas", disse Ana Es.

"Pois foi isso, ficamos muito comovidas", repetiu a Senhora Es.

Peter O achou a Senhora Es muito feia e muito gorda. Peter O não percebia como podia Ana Es, ser filha da Senhora Es.

"Peter se quiseres, no proximo domingo, podes ir lá casa almoçar e passar a tarde com o Xavier", disse o Senhor Es. Xavier sorriu e Ana Es também. "Claro que sim, obrigado!" Respondeu Peter O.

"Então até domingo", disse em uníssono, o casal Es.

"Até logo", disse baixinho Ana Es, acenando a mão.

"Até já", respondeu Peter O.

Peter O estava muito excitado, com a ideia de ir a casa de Ana Es.

Peter O não voltou a adormecer, nessa semana.

28/09/2010

Capítulo XX

O colégio fez 100 anos, houve uma cerimónia especial, com direito a comes e bebes. "Estava lá toda a gente", segundo o Director Sto.

Peter O foi convidado para tocar piano, para todos os convidados.

Peter O era, na altura, uma das vedetas do colégio. O Professor Ré já havia falado do seu talento a todos os seus amigos músicos, que também lá estavam para ouvir o jovem prodígio.

Estava a cidade em peso, à espera de Peter O e da nona sinfonia de Beethoven.

O Padre Bof estava preocupado com Peter O, "não estejas nervoso Peter, vais ver que consegues...", dizia, de boca cheia, enquanto devorava um croquete.

Peter O não percebia a preocupação do Padre Bof, "afinal, já tinha tocado aquilo milhares de vezes..."

Peter O aproximou-se do piano, sentou-se, nem olhou para o público e começou a tocar. Tocou como tocava sempre, quando acabou, levantou-se e saiu do palco. Olhou para o Professor Ré, que mostrava os dentes com tal força que parecia ter ficado sem bochechas, "olha Peter, estão todos em pé por tua causa", Peter O não percebeu se tinha feito algo de mal, "mas porquê?", perguntou preocupado.

"Eles adoraram, aposto nunca viram nada assim!", dizia entusiamado o Padre Bof, a devorar outro croquete. Peter O pensou que o Padre Bof já devia ter comido, pelo menos, quarenta croquetes!

O Director Sto foi, no final, dar os parabéns a Peter O, "parabéns meu jovem, excelente performance, mas tenho que o repreender. Então nem uma vénia fez ao seu público? Foi muito indelicado da sua parte!" 

Peter O não percebeu porque haveria de fazer uma vénia, nunca tinha feito nenhuma à saída da sala de música!

Peter O ficou contente, por o Padre Bof e o Professor Ré estarem contentes.

Peter O sentiu-se especial!

Peter O foi comer um croquete.

27/09/2010

Capítulo XIX

A Velha T estava a chorar à porta do colégio. Peter O foi perguntar à Velha T porque chorava.

"A minha gata morreu na segunda-feira, agora o meu Estevão fugiu para cima daquela árvore e não consegue sair", dizia, apontando para cima, para o mais alto plátano do colégio, "um dos mais antigos da cidade", dizia sempre, com orgulho, o Director Sto.

Peter O olhou para cima, "mas não está ninguém lá em cima", disse à Velha T.

"Está, está, o meu Estevão".

De repente chegam o Padre Bof e o Professor Ré, "O que se passa?", pergunta o segundo.

A Velha T, por entre lágrimas e soluços, só repetia, "Estevinho, estevinho..."

Peter O achou que a Velha T estava a delirar. "Esta senhora diz que o seu Estevão fugiu para cima daquela árvore e não consegue descer", disse.

"Mas não está lá nenhum rapaz!", respondeu o Padre Bof.

"Não é um rapaz, o meu Estevão é o meu gato querido, o único que me resta", berrou a Velha T, com as poucas forças que ainda tinha.

O Professor Ré ofereceu-se para trepar a árvore e ir salvar o gato em apuros.

Peter O pensou, que se o gato Estevão não descia, era porque não queria. "Então os gatos não caem sempre em pé?", pensava.

O Professor Ré subiu, com destreza, até ao topo da árvore. Tentou apanhar o gato Estevão, mas este fugiu e desceu a árvore sozinho. O Professor Ré, ao descer, quase caiu várias vezes. Peter O sorria e o Padre Bof ria-se agarrado à barriga.

Quando o Professor Ré voltou ao chão, a Velha T agarrou-se a ele, chorando, "muito obrigada, muito obrigada, o senhor é mesmo uma pessoa boa!".

O Padre Bof também comentou para Peter O, "este Professor Ré é mesmo boa pessoa!".

Peter O pensou, que o Professor Ré não era nada parecido com as senhoras nuas da revista. Essas é que eram boas,... segundo Xavier.

Peter O estava confuso!

24/09/2010

Capítulo XVIII

Peter O estava muito contente com a sua nova revista, mas ao mesmo tempo sentia-se envergonhado. Não a mostrou a ninguém, excepto a Xavier.

Xavier folheou a revista com muita avidez, comentando para Peter O, "olha esta, bem boa! E esta, é mesmo boa!

Peter O não percebia, "o que é isso de ser boa?", perguntava. Peter O pensava que eram boas, as senhoras que se riam mais. "As pessoas que se riem, são boas pessoas!", tinha aprendido.

"Então, não estás a ver que esta é boa?", replicou Xavier com ar furioso.

"Claro, claro!", disse Peter O, sentindo-se envergonhado por não saber, o que para Xavier era tão óbvio.

E continuavam... "Tens que conhecer a minha prima, também é bem boa", dizia Xavier.

Peter O ficou curioso por conhecer a prima de Xavier, "como se chama?".

"Ana Es".

Peter O pensou que talvez, conhecendo Ana Es, percebesse o que é uma mulher boa.

Xavier continuava a folhear a revista e a comentar, a bondade das senhoras despidas. "O meu Tio Toi tem milhares de revistas destas, tens de ver Peter!".

Peter O percebeu, que ser boa, ou não, afinal parecia não depender dos sorrisos... "Talvez do tamanho das mamas ou do rabo! Ou seria do cabelo?".

Peter O descobriu, que gostava de pessoas boas!

23/09/2010

Capítulo XVII

Ao voltar da excursão, Peter O é chamado ao gabinete do Director Sto, "sente-se, Senhor O".

"Sabe que estou muito desiludido consigo Peter, aquele tipo de piadas não se faz".

Peter O olhava para o Director Sto, esfomeado, sem perceber porque estava ali, mas começava a desconfiar que estava relacionado com o veado morto!

Toca o telefone, o Director Sto é chamado com urgência à secretaria. "Espere por mim aqui, já volto!"

Peter O obecedeu. Já tinham passado cerca de trinta minutos, Peter O, inquieto, começou a bisbilhotar...

Peter O ao abrir uma das gavetas do Director Sto, descobre uma revista com uma senhora despida na capa, dizia Playboy. Peter O nunca tinha visto uma mulher nua.

Peter O perguntou-se por onde é que as mulheres fariam chichi, não tinham pilinha??? Peter O não costumava estar atento nas aulas de ciência.

Ao folhear a revista, Peter O sentiu-se esquisito!

Ouvem-se passos, Peter O, sem perceber porquê, fica em pânico, esconde a revista na mochila e senta-se como se nada houvesse acontecido.

O Director Sto entra, com um ar furioso. O Director Sto começou aos berros com Peter O.

Peter O não ouviu nada do que o Director Sto disse.

Peter O só conseguia pensar nas senhoras que tinha visto na revista!

Peter O esqueceu-se da fome!

22/09/2010

Capítulo XVI

O Director Sto organizou uma excursão à praia.

Peter O ficou muito contente, já não ía à praia há muito tempo, até se lembrou do Tio Bib e da Tia Tin. Peter O nunca tinha gostado muito da Tia Tin.

Foram duas camionetas buscar todos os meninos do colégio, para ir à praia. Eram verdes e brancas, diziam "Espírito Santo". Peter O pensou que deviam ser camionetas da igreja, que era também dona do colégio!

A caminho da praia, o Padre Bof e o Professor Ré tentaram incentivar o cântico. Peter O não cantou, não gostava muito daquelas músicas!

A camioneta da frente parou de repente! Pararam as duas...

Ninguém estava a perceber! O Padre Bof saiu, a bufar, para ver o que se passava. Os rapazes começaram a ficar inquietos e o Professor Ré mandou-os a todos para fora da camioneta.

O Padre Bof correu em pânico, "não os deixe sair Professor Ré!", mas era tarde demais. A camioneta da frente havia atropelado um veado, que jazia moribundo no alcatrão. Vários rapazes choravam e o motorista ajoelhava-se perante o animal, "o que fui eu fazer? Eu prometo meu Deus, bagaço antes de conduzir, nunca mais!"

Peter O aproximou-se de toda esta cena e ao ver o animal no chão, a sua barriga começou a roncar de fome, já não comia nada desde a manhã... "O que se passa Padre Bof?", perguntou.

"Mataram um pobre veado Peter", respondeu o Padre Bof.

"Podemos comê-lo?, é que estou cheio de fome e já é hora de almoçar. O Padre Bof não tem fome?"

O Padre Bof, que adorava bifes de veado, até nem achou má ideia... O Director Sto, que era amigo dos animais, ouviu Peter O e aproximou-se, "já para a camioneta Senhor O, chega de piadinhas de mau gosto, está de castigo, hoje fica de jejum!"

Peter O não percebeu porque estava de castigo, nem qual tinha sido a piadinha, mas gostou de ser tratado por Senhor O.

Peter O sentiu-se enorme!

20/09/2010

Capítulo XV

O Padre Bo sugeriu ao Director Sto que talvez devessem arranjar um novo professor de música, "agora que o Padre Ros teve que ir embora". O Director Sto concordou, "é capaz de fazer bem aos miúdos!".

Foi então que foi contratado o Professor Ré e Peter O voltou a ser obrigado a tocar piano.

O Professor Ré ficou impressionado!

O Professor Ré pediu a Peter O para tocar a nona sinfonia de Beethoven. Peter O não conseguiu, nem a primeira nota. "Mas toca tão bem, porque não consegue tocar isto?", pensava o Professor Ré.

O Professor Ré pôs a música a tocar, na aparelhagem da sala de música, para Peter O ouvir. Quando acabou, Peter O tocou tudo direitinho!

O Professor Ré descobriu, que Peter O nunca tinha aprendido a ler uma pauta de música!

Peter O achou as pautas de música uma chatice! "Escrever música?, mas assim não é música! Música ouve-se, não se lê..." pensava Peter O.

Peter O achava o Professor Ré aborrecido. O Professor Ré adorava Peter O, a tocar piano!

17/09/2010

Capítulo XIV

O Padre Ros foi embora. Peter O deixou de tocar piano!

Peter O deixou de fazer qualquer movimento, a que não fosse obrigado. Peter O até deixou de comer outras coisas, que não pão. Peter O ficou tão magro, que conseguia, sair do colégio, através das grades do jardim, se quisesse! Mas não queria, Peter O deixou de querer!

O Padre Bof, q,ue era o novo encarregado da comida e adorava comer, apercebeu-se que Peter O não comia.

O Director Sto reparou que Peter O deixara de tocar piano.

O Padre Bof foi ter uma conversa com Peter O e levou-lhe uma sandwich mista. "O que se passa Peter? Porque estás tão triste?, porque não comes?".

Peter O reparou, pela primeira vez como era gordo o Padre Bof, "O que é isso de estar triste?", perguntava Peter O, "não é quando as pessoas choram?".

"Sim Peter, às vezes, quando as pessoas choram, é porque estão tristes".

"Mas eu não estou a chorar, por isso não estou triste!"

"Mas podes estar triste sem chorar", respondeu o Padre Bof. Peter O não percebeu a resposta do Padre Bof.

Peter O até gostou do Padre Bof, apesar de ser tão balofo, mas não quis comer a sandwich, "o pão mata", disse ao Padre Bof.

16/09/2010

Capítulo XIII

"O Padre Ros fez uma grande asneira", era o que corria nos corredores do colégio.

Peter O não acreditava que o Padre Ros tivesse feito asneiras. Peter O sabia que, o Padre Ros era boa pessoa e as boas pessoas não fazem asneiras.

Peter O achava que, talvez a Sra Grávida fosse má pessoa e tivesse mentido para incriminar o Padre Ros. "Mas o que podia o Padre Ros ter feito à Sra Grávida?"

Parece que tinha sido o Padre Ros a inchar a barriga da Sra Grávida! Peter O não percebia porque é que isso era mau! Talvez, devesse ter usado os alfinetes, antes da Sra Grávida ter entrado no gabinete do Director Sto...

O Padre Ros disse a Peter O que não poderia ficar mais no colégio, tinha que ir cuidar da Sra Grávida.

"Também posso ir?", perguntava Peter O, "e podemos levar o piano?".

O Padre Ros explicou a Peter O que o piano não cabia na casa da Sra Grávida e que por muito que gostasse de Peter O, este deveria ficar no colégio.

Peter O não percebeu porque deveria ficar no colégio!

Peter odiava a Sra Grávida!

15/09/2010

Capítulo XII

Uma vez, entrou esbaforida, a Sra Grávida no colégio.

Peter O pensou, que espetando alfinetes naquela enorme barriga, talvez esvaziasse. Talvez a Sra Grávida até lhe ficasse agradecida! Se calhar, era por isso que parecia tão desesperada, "aquilo deve pesar", dizia Peter O aos seus botões.

A Sra Grávida entrou no gabinete do Director Sto. Os padres pareciam assustados, especialmente o Padre Ros. Peter O nunca tinha visto aquela cara no Padre Ros.

O Director Sto chamou o Padre Ros, ao seu gabinete. "O que será que aconteceu?", pensava Peter O.

Peter O ficou preocupado com o Padre Ros. Teve um sentimento parecido com aquele, que tinha quando o Senhor O o deixava no colégio.

Peter O correu para o quarto de banho. Olhou para o espelho e reparou que estava a chorar!

Capítulo XI

Peter O deixou de ser bom a desporto!

Peter O deixou de ter amigos!

Xavier fez novos amigos, mas não eram como Peter O.

Peter O continuava bom a matemática, especialmente a subtrair e a dividir.

O Padre Ros ficou preocupado com Peter O, "estava-se a tornar anti-social".

O Director Sto proibiu Peter O de ir à sala de música, "era para o seu bem".

Peter O deixou de rir e só pensava em fugir. "Mas será que haveria daqueles pianos noutro sítio?" Peter O tinha medo, de comer pão e de nunca mais tocar piano.

Peter O não fugiu, voltou a fazer desporto e a falar com o Xavier e com os outros rapazes.

O Director Sto voltou a deixar Peter O tocar piano, mas com horários bem definidos.

Peter O descobriu que detestava horários!

14/09/2010

Capítulo X

Um dia o Padre Ros mostrou a Peter O a sala de música. O Padre Ros aproximou-se do piano e tocou uma pequena melodia, Peter O começou a chorar, "também posso fazer isso?"

"Podes Peter, se quiseres posso-te ensinar, mas porque choras?", perguntava o Padre Ros.

"Podemos começar agora?", dizia Peter O, de olhos molhados e sorriso de orelha a orelha.

Então, sentaram-se os dois ao piano, Peter O e o Padre Ros. Ficaram toda a manhã e toda a tarde no mesmo sítio, Peter O nem quis sair para almoçar!

Peter O nunca mais quis sair para almoçar. O Padre Ros tinha que lhe vir trazer o almoço e ficar a vê-lo comer.

"Este rapaz é um prodígio!", pensava o Padre Ros, com a alegria de quem tinha descoberto uma vocação.

Os dedos de Peter O estavam cada vez mais compridos e musculados, o Ipod cada vez mais parado.

Peter O tinha deixado de chorar com a música, agora ria!

Capítulo IX

Toda a gente ficava muito surpreendida quando Peter O chorava, especialmente o Padre Ros.

O Padre Ros achava que Peter O tinha ficado traumatizado, com a morte do Padre Aza, "até tinha deixado de comer pão", e Peter O adorava pão com manteiga!

Peter O já nem se lembrava do Padre Aza, tinha era medo, "do que o pão podia fazer às pessoas"!

Peter O só pensava no seu Ipod e nas suas músicas.

Peter O não fazia mais nada, só ouvia música, nem ouvia o que os outros lhe diziam...

Xavier estava infeliz, porque já não tinha melhor amigo.

Peter O deixou de falar.

17/08/2010

Capítulo VIII

Um dia Xavier recebeu um Ipod. Uma espécie de leitor de CDs, sem CDs e muito mais pequeno. Diz-que lá dentro cabiam muitos CDs.

Xavier não gostava muito de música. Aliás, Xavier não parecia gostar muito de nada, excepto de Peter O, seguia-o para todo lado!

Xavier era o melhor amigo de Peter O.

Peter O rapidamente se apoderou do "tal Ipod". Peter O nunca tinha "ouvido música", pelo menos nunca daquela música.

Peter O ficava horas seguidas a ouvir música. Não queria mais jogar jogar raquetes, apenas ouvir aquela música.

Por vezes, quando Peter O estava a ouvir música, lágrimas caíam sem propósito dos seus olhos. Xavier fazia troça de Peter O quando isto acontecia… parecia uma menina, sempre a chorar!

Peter O não percebia porque lhe caíam lágrimas a ouvir certas músicas. Peter O sabia, que essas eram as suas músicas favoritas.